Mrs. Dalloway - Opinião

junho 28, 2014

Título: Mrs. Dalloway
Autor: Virginia Woolf
Lido no Kobo
Sinopse (do Goodreads):
"In this vivid portrait of one day in a woman's life, Clarissa Dalloway is preoccupied with the last-minute details of party preparation while in her mind she is much more than a perfect society hostess. As she readies her house, she is flooded with far-away remembrances. And, met with the realities of the present, Clarissa reexamines the choices she has made, hesitantly looking ahead to growing old. Undeniably triumphant, this is the inspired novelistic outline of human consciousness."

Opinião:

Um dia destes passou na televisão o filme The Hours, uma adaptação do livro com o mesmo nome, de Michael Cunningham, que, por sua vez, teve como base o livro de Virginia Woolf, Mrs. Dalloway. Como o filme é um dos meus preferidos e eu já li algumas coisas de Woolf, achei que estava mais do que na altura de partir para este Mrs. Dalloway.

A narrativa deste livro passa-se durante um único dia. Desde que Clarissa decide ir comprar flores para a sua festa, de manhã, até ao fim da própria festa, de madrugada. Durante esse dia cruzamo-nos com várias personagens, nem todas elas com ligação a Clarissa, e conhecemos o que lhes vai na alma. Vidas que passam à nossa volta sem darmos por elas, sem sabermos. Penso que uma das mensagens deste livro é as possibilidades que as grandes cidades representam mas, ao mesmo tempo, o isolamento individual no meio de tanta gente. E apesar de ser um livro curto, é um livro complexo, com vários temas, com vários símbolos e um estilo muito próprio. Woolf utiliza com bastante frequência os flashbacks e a sua narrativa assemelha-se ao processo do pensamento, saltando de uma ideia para a outra, de um tempo para o outro, de uma personagem para outra, de forma rápida e, às vezes, inesperada. Pode ser um pouco confuso ao início, mas depois acabamos por nos habituar a isto.

Ainda quanto à escrita de Woolf, esta é absolutamente deliciosa. Algumas partes são um verdadeiro deleite pela linguagem rica, poética, pelas imagens que evoca, pelas descrições vívidas que decorrem em todo o livro. Este é um dos pontos fortes deste livro e atrevo-me a dizer que algumas passagens são perfeitas. Alguns dos temas focados por Woolf vão desde a passagem do tempo, o inevitável envelhecimento das personagens, à homossexualidade, do tratamento e compreensão das doenças mentais, à morte, passando pelo amor e pela preocupação com a classe e as aparências exteriores. Este livro tem muito "sumo", tem muita coisa que se lhe diga e penso que todos os temas eram muito próximos à vida pessoal da própria autora.

Gostei deste livro e penso que lhe devo uma segunda leitura. É daqueles livros que é impossível reter tudo numa só leitura. É uma obra muito rica e cujo foco é o interior de cada personagem, em vez das suas acções exteriores. As suas preocupações, frustrações, arrependimentos, memórias, desejos, a incompreensão perante os outros, a angústia de viver, de envelhecer, as marcas do pós-guerra. Porém, não é uma leitura fácil e, por vezes, tive que me forçar a prestar atenção. Porque apesar de muito interessante e de abordar muita coisa, a escrita de Woolf é densa, o que torna a leitura um bocadinho difícil. É preciso ter paciência. E só por isto é que não gostei mais do livro.

Agora falta-me ler o The Hours e aconselho a todos o filme com o mesmo nome, que conta com as fantásticas prestações de Meryl Streep, Julianne Moore e Nicole Kidman, que interpreta o papel de Virginia Woolf.

4/6 - Bom

(Esta leitura conta para o desafio TBR Pile Reading Challenge)

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1 comentários

  1. Li recentemente Mrs. Dalloway e agora estou a ler As Horas.

    Mrs. Dalloway é realmente uma leitura muito rica e interessante. Hei-de voltar a ele um dia. Só não gostei mais porque achei o fim um pouco anti-climático. Embora sinta que vai ao encontro da personalidade da personagem principal.

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